A queda do cantor Agnaldo Rayol, em casa, que culminou em sua trágica morte, aos 86 anos de idade, foi noticiada como um incidente doméstico envolvendo um acidente físico, pode ser analisada sob uma perspectiva mais ampla de segurança do paciente e prevenção de acidentes. Dentre as metas internacionais da Segurança do Paciente, temos a meta 06 definida como reduzir o risco de lesões ao paciente, decorrente de quedas.
Em Medicina e demais áreas da saúde o tema é amplamente discutido, não só em ambientes hospitalares e de saúde, mas também em relação aos lares dos idosos. Embora o evento não tenha relação direta com a odontologia em si, ele pode servir como um ponto de reflexão sobre aspectos da segurança no cuidado ao paciente, especialmente em idosos ou pessoas com condições de saúde mais frágeis. A partir dessa análise, podemos extrair algumas lições valiosas para a prática odontológica.
Lições para a odontologia a partir do incidente de queda
1. Avaliação do Risco de Quedas: Em muitos casos, especialmente com pacientes mais idosos ou com mobilidade reduzida, as quedas podem ser um risco significativo. Na odontologia, é importante que o profissional esteja atento ao estado geral de saúde do paciente, incluindo fatores como equilíbrio, coordenação motora e presença de comorbidades (exemplo: doenças neurológicas, osteoporose, hipertensão).
Durante o atendimento odontológico, principalmente em procedimentos que envolvem o uso de anestésicos ou a movimentação do paciente (como em tratamentos que exigem a mudança de posição), o risco de queda ou de acidentes deve ser minimizado. Atentar para a questão global do idoso e avaliar seu grau de autonomia antes mesmo da chegada ao consultório, é uma estratégia segura e antecipa decisões importantes como a necessidade ou não de um acompanhante para aquele dia / procedimento específico.
ATENÇÃO DENTISTA: Ao atender pacientes idosos ou com condições que aumentem o risco de quedas, é importante tomar precauções para garantir que o ambiente seja seguro (como cadeiras dentárias ajustáveis e confortáveis, apoio para as mãos e apoio para os pés). Avaliar o estado físico e mental do paciente antes de iniciar o tratamento é essencial. Quem se dispõe a atender idosos precisa no mínimo, oferecer estrutura arquitetônica com requisitos de acessibilidade.
2. Ambiente Seguro no Consultório Odontológico: O consultório odontológico deve ser projetado de forma a reduzir riscos de quedas ou outros acidentes. Isso inclui garantir que o local seja acessível, com piso antiderrapante, boa iluminação e espaço suficiente para que o paciente se mova com segurança. Pacientes com dificuldades motoras ou com idade avançada precisam de cuidados especiais para evitar que se sintam inseguros ou que, ao levantar ou se movimentar, possam sofrer acidentes.
ATENÇÃO DENTISTA: Como parte da segurança do paciente, o dentista deve garantir que o ambiente de atendimento seja adequado e que o paciente seja orientado a manter uma postura estável e segura durante todo o procedimento. Também é importante que a equipe odontológica esteja atenta e disponível para ajudar o paciente em qualquer momento que haja necessidade de movimentação, como ao levantar-se após o procedimento.
3. Atenção ao Uso de Medicamentos: No caso de Agnaldo Rayol, se a queda estivesse relacionada ao efeito de medicamentos, como sedativos ou analgésicos, isso nos lembra da importância de monitorar e considerar os efeitos colaterais de qualquer medicação administrada durante tratamentos odontológicos. Alguns medicamentos podem causar sonolência ou alterar a coordenação motora, aumentando o risco de quedas.
ATENÇÃO DENTISTA: O dentista deve ser cuidadoso ao prescrever medicamentos, como sedativos ou analgésicos fortes, e avaliar se o paciente tem alguma condição que possa aumentar a probabilidade de um efeito adverso. Além disso, o profissional deve orientar os pacientes quanto aos possíveis efeitos colaterais e tomar precauções para evitar que o paciente saia do consultório sem a supervisão necessária, caso haja risco de efeitos prolongados da medicação.
4. Suporte Pós-Operatório e Cuidados Continuados: Após um procedimento odontológico, especialmente cirurgias ou tratamentos mais invasivos, a segurança do paciente deve ser uma prioridade. No caso de pacientes que possam estar sob efeito de anestesia ou medicamentos, é fundamental garantir que tenham suporte adequado ao sair do consultório, como o auxílio de um acompanhante ou de uma equipe treinada para garantir que o paciente se mova de forma segura.
ATENÇÃO DENTISTA: Quando o paciente precisar de anestesia local ou sedação, o dentista deve garantir que ele tenha acompanhamento após o procedimento, especialmente se for um paciente idoso ou com outras condições clínicas. O profissional deve considerar o impacto dos medicamentos ou dos procedimentos no estado físico do paciente e orientar adequadamente o acompanhante sobre como proceder após a consulta.
5. Educação e Orientação ao Paciente: A educação sobre cuidados em casa e a conscientização sobre os riscos de quedas podem ser vitais, principalmente para pacientes com condições de saúde que os tornam mais vulneráveis a acidentes. Instruir os pacientes sobre os cuidados necessários após um procedimento, como evitar esforços excessivos, evitar mudanças bruscas de posição e garantir que o ambiente em casa esteja seguro, pode prevenir complicações e acidentes.
ATENÇÃO DENTISTA: Após qualquer procedimento que possa deixar o paciente temporariamente vulnerável (como um tratamento invasivo ou com sedação), o dentista deve fornecer orientações claras sobre cuidados pós-operatórios e precauções para evitar acidentes em casa. Isso pode incluir recomendações para evitar movimentos rápidos ou atividades físicas intensas nas primeiras horas após o tratamento.
E daí, Isabela?
Bem, embora a queda de Agnaldo Rayol não tenha sido causada diretamente por um evento adverso, ela serve como um lembrete para toda a comunidade sobre a importância de prevenir acidentes e promover a segurança dos pacientes. Na odontologia, garantir que os pacientes sejam tratados em um ambiente seguro, avaliando, minimizando e mitigando os riscos, além de comunicar claramente os cuidados necessários e permanecer sempre atentos às condições de saúde do paciente, são ações essenciais para evitar complicações e promover a saúde geral do paciente, tanto no consultório quanto após o atendimento. Vamos refletir sobre isso? Você já conhecia o protocolo de quedas? Seu consultório tem acessibilidade? Que tal instituir essa boa prática em sua rotina clínica? Pense nisso. Lições para a odontologia a partir do incidente de queda
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